O trabalho do goleiro não se resume apenas a deter a bola. Para Barela (1998) a ação sobre a bola não é mais que uma fase intermediária entre outras duas igualmente importantes:
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Deslocamento e atitudes antes do arremate;
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Recuperação e lançamento.
O deslocamento condiciona a defesa e a defesa condiciona a recuperação e o lançamento. O autor acima, afirma não existir uma técnica básica do goleiro, mas sim várias técnicas eficazes que devem ter o denominador comum assentado nas mesmas bases, sendo que o aspecto exterior varia muito de goleiro para goleiro, mas para um bom desempenho seus deslocamentos, postura, etc. devem obedecer a alguns princípios fundamentais que podem ser citados como: deslocamento e atitudes de preparação da defesa, jogar adiantado ou atrasado, postura, atitude de pré-defesa, características da pré-defesa e tipos de defesa. Esses princípios estão descritos mais detalhadamente logo abaixo.
Deslocamentos e atitudes de preparação da defesa
O goleiro deverá sempre estar posicionado na bissetriz do ângulo de ataque. Nessa bissetriz ele pode estar mais ou menos atrasado. Pode ainda reduzir o ângulo de ataque em função da trajetória da bola e em função do arco de referência ou arco de deslocamento. O arco de referência é um arco imaginário que passa tangente aos dois postes verticais da baliza e tem a sua corda maior no centro da mesma distância que varia de 50 a 80 cm conforme as características dos goleiros (BARELA, 1998).
Figura 4. Bissetriz do ângulo de ataque.
Figura 5. Arco de referência.
Jogar adiantado ou atrasado
O goleiro posicionado de forma mais adiantada diminui o ângulo de arremate do oponente, entretanto, quando assume uma posição mais atrasada, tem mais tempo para reagir a uma finalização. Barela (1998) atribui a escolha do posicionamento a três aspectos:
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Morfológicos (altura, envergadura);
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Qualidades nervosas;
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Sensibilidade do goleiro em relação a sua meta.
Referindo-se ao terceiro aspecto citado, o autor conclui que o goleiro quando deixa o gol ele passa a não enxergar mais a baliza, precisando então senti-la, para que isso ocorra de forma satisfatória é necessário desenvolver a esta qualidade com o jovem goleiro. O autor destaca que essa capacidade depende da Educação Física recebida entre os 04 e 10 anos de idade.
Postura
Para Barela (1998) uma melhor condição de resposta a um ataque adversário é a postura de base, estruturada com os seguintes princípios:
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Estabilidade: sem movimentos amplos, pés apoiados;
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Equilíbrio: boa distribuição do peso corporal sobre os dois pés. (O desequilíbrio controlado favorecerá a ação);
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Em semiflexão: braços e pernas semiflexionadas, preparados para a extensão.
O corpo do goleiro deverá estar ligeiramente inclinado e elevado sobre as plantas dos pés. O goleiro desequilibrado que não tiver controle sobre esse desequilíbrio terá dificuldades em reação no sentido oposto ao desequilíbrio. O não flexionado limitará inteiramente a sua amplitude de movimento e não tendo firmeza sobre os apoios terá dificuldade em lançar diversos segmentos.
A atitude de pré - defesa
Para Barela (1998) a atitude de pré - defesa é o instante de estabilidade em que a concentração é máxima. A pré-defesa é intermediária entre o deslocamento e a defesa propriamente dita, tornando a ação global homogênea.
3.1. Características da pré-defesa
Deslocamentos curtos, rápidos e rasantes, onde os pés perdem apenas o mínimo contato com o solo caracteriza essa etapa nas ações dos goleiros. Nesse momento todo o campo de jogo está sob o seu controle, deslocando-se sobre seu arco de referência e tomando a postura de base com as pernas em semi-flexão e o tronco ligeiramente inclinado para frente num desequilíbrio controlado, precedendo mentalmente a situação do ataque e prevendo o local futuro do arremate, além de oferecer continuamente orientações aos seus defensores sobre a marcação. Quando a atacante recebe a bola e prepara-se para o arremate, o goleiro sai para a pré-defesa, iniciando o movimento com a perna do lado do arrematador. Numa fração de tempo o goleiro rememora os conhecimentos sobre o referido atacante tais como, tipo de arremate preferido, possível trajetória da bola, força do arremate, etc. (BARELA, 1998).
Tipos de defesa
A defesa propriamente dita é o momento onde o goleiro entra em contato com a bola. Segundo Barela (1998), o atleta deve hierarquizar algumas regras para o sucesso deste procedimento, conforme descrito abaixo.
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Evitar o gol.
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Recuperar a bola.
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Opor a trajetória da bola a maior superfície corporal possível.
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Segurar a bola ao invés de controlá-la.
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Controlar a bola ao invés de espalmá-la.
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Espalmar a bola ao invés de rebatê-la.
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Usar as duas mãos sempre que possível.
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Conservar os apoios ao invés de saltar.
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Preparar-se para ação é organizar, sincronizar as fases da defesa.
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Estar atento à antecipação mental.
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Observar os deslocamentos dos atacantes para tentar prever o tipo de arremate que será utilizado.
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Observar a trajetória dos ombros do atacante após a bola ter ultrapassado a sua linha de ombros.
Em uma fração de segundo o goleiro opta pelo gesto motor que ele irá utilizar, caracterizando os diferentes tipos de defesas classificadas por Ehret e cols. (2002) como:
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Defesas em bolas altas: caracteriza-se pelas defesas realizadas quando a bola é arremessada na direção ou sobre a cabeça do goleiro, estes arremates quase sempre visam os ângulos superiores da meta. A técnica básica de defesa escolhida pelo goleiro requer a utilização da passada e salto que traz as seguintes características: na posição inicial os braços são colocados descontraídos na altura do quadril. Em uma ação de defesa no ângulo do gol ocorre sempre uma passada com salto, em que a impulsão ocorre na perna que está mais longe da bola (perna de impulsão) estando a outra perna (perna de balanço) levemente flexionada. Já, em uma defesa alta onde a bola foi lançada no centro do gol, o goleiro (sempre que possível) deve apanhar a bola com as duas mãos. De acordo com a estatura do goleiro podem ocorrer situações nas quais a defesa ocorra com uma só mão, devendo este ponto ser lavado em consideração durante o treinamento.
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Defesas em bolas meia altura: neste tipo de defesa utiliza-se ainda da técnica de passada e salto, como descrito anteriormente, com a perna de balanço ganhando um significado ainda maior. Com ela a porção abaixo da linha do quadril fica protegida, pois esta ação defensiva é executada quando a bola assume uma altura entre o joelho do goleiro e a linha de seus ombros. Sempre que possível o goleiro deve privilegiar a utilização das duas mãos na defesa. Com a segunda mão o corpo todo do goleiro é colocado no ângulo do gol, cobrindo uma área relativamente grande do mesmo pois a parte superior do corpo junto as mãos e perna de balanço opõem-se a trajetória da bola.
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Defesas em bolas baixas: essa defesa realiza-se quando a bola assume uma trajetória abaixo da linha do joelho do goleiro, este por sua vez utiliza-se do fundamento de passada com salto, interceptando a bola com as mãos e os pés simultaneamente. A perna de balanço deve estar flexionada e a mão que está próxima à bola deve ser levada para baixo no ângulo correspondente. De acordo com a estatura do goleiro e a situação do jogo pode ser necessário, de vez em quando, que o goleiro realize uma ação defensiva com a utilização de salto e posicionamento de pernas, como na passagem sobre as barreiras no atletismo para poder alcançar a bola. É preciso observar que o tronco acompanha a perna e o balanço (que é a ação de não deixar o tronco ir para trás do gol), já a mão é colocada como segurança adicional.
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Lançamentos próximos ao gol: O goleiro deverá deixar sua posição básica só contra jogadores mais experientes e fechar o ângulo de lançamento, o mesmo vale para a defesa de lançamento provenientes das pontas, pois se um jogador consegue realizar um lançamento relativamente livre, o ângulo do lançamento pode ser coberto com uma ou duas passadas no sentido do local do lançamento. A defesa do lançamento é realizada novamente sob o princípio da técnica da passada com salto, na qual as bolas lançadas podem ser defendidas também com o auxílio das mãos. A saída do gol para fechar o ângulo de lançamento contra lançamento provenientes das posições de pontas deveria, no entanto, ser treinada de forma sistemática somente com jogadores tecnicamente avançados.
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